quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

'SHANGRILÁ' AGORA!



SHANGRILÁ*
Roberto de Carvalho – Rita Lee

De repente eu me vejo
Amarelada, bodeada…
Sem ninguém
Nessas horas aparece a preguiça
A vontade de sumir… de vez

Se me der na telha sou capaz
De enlouquecer, e mandar tudo
'Praquele' lugar
E fugir com você pra Shangrilá
E me deixar levar por um
Beijo eterno
Por seu corpo envolvente
Mais quente que o inferno


SHANGRILÁ AGORA!
Por Fábio Brito

O inferno é aqui. Onde?! No trânsito de Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo, Brasil, Terra. Tudo bem que ninguém mais aguenta o mundo todo reclamando do trânsito, principalmente em cidades como Rio e São Paulo. No entanto, porque moro aqui, é do trânsito desta cidade que vou falar... e falar muito mal.
Para começo de bate-papo, nunca vi tanta gente ao volante sem o mínimo de educação e sem respeito ao próximo. Sem educação mesmo! Sem respeito mesmo! E ai de quem é/for educado! É massacrado, achincalhado. Só para ilustrar: sempre que há alguém tentando atravessar “na” faixa (“na” faixa!), paro o carro. Pausa para uma digressão: penso duas vezes (brincadeirinha) quando há alguma “beldade” sozinha, falando ao celular e querendo atravessar. Por que não tira o “brinco de pressão” da orelha para atravessar? Que inferno virou esse "troço" de celular! Faixa para pedestres não é calçadão de Ipanema. A situação – de trânsito – não combina com desfiles na faixa, não é mesmo? Desde quando é possível as pessoas falarem ao celular no meio do trânsito? É surreal isso.
            Bom, voltemos ao assunto: quando paro para alguém atravessar, o motorista (motorista?) de trás dá, não raro, aqueeeela buzinada [é claro que, pelo retrovisor, dou uma ‘olhadela’ para calcular, mais ou menos, a velocidade do companheiro que vem atrás, a fim, é óbvio, de evitar alguma colisão]. Incrível, mas ser educado irrita as pessoas. Não só ser educado. Respeitar a sinalização também: só “idiotas e imbecis” a respeitam. 
            Outra situação? O que não falta é exemplo para mostrar como é desalentador, ou desesperador, ser motorista educado ou pedestre – também educado – nesta cidade. É... também sou pedestre. Faço minhas caminhadas constantemente. Porque, como todas as pessoas, não caminho de “um lado só” da pista, chega o momento em que tenho de atravessar. Ai, que martírio! Não adianta “esticar” o braço ou fazer qualquer outro sinal. São raros os motoristas que param. Incrível! Parar para o pedestre atravessar não deveria ser a regra? Pois é, mas é a exceção. Está tudo errado, não está? E nem sou besta de tentar atravessar. Nem que eu me jogue na faixa! A solução, então, é esperar que o fluxo de automóveis termine. Pergunto, então: para que a faixa, se só conseguimos atravessar quando não há mais carros? Podemos, nesse caso, atravessar em qualquer lugar, independentemente de haver ou não faixa. Estou errado?
            Mais relatos? Vamos lá! Locais onde a pista é 'duplicada'. Nos momentos em que o trânsito é mais intenso (e são muitos esses momentos!), os carros ficam, normalmente, 'na' pista da direita (para quem conhece Cachoeiro, a Jones dos Santos Neves é um ótimo exemplo). Quando chego, vejo, de longe, aquela fiiiiiila interminável... e todos (ou quase todos) os carros na faixa da direita. Até aí, tudo bem. Em segundos, adivinhe o que vejo? Os engraçadinhos que vêm pela esquerda e, lá na frente, sinalizam que vão entrar para a direita. É ou não é sacanagem? E o pior de tudo é que esses engraçadinhos sempre encontram alguém que lhes dá espaço. Fico possesso nessa hora! Já houve situação em que essas belezinhas, encostadinhas em meu carro, “abriram seta”. Não titubeei: fiz sinal (quando não falei) para que voltassem ao fim da fila, lugar onde eles deveriam, se fossem educados, estar. Claro que não faltaram “aqueles gestos e sinaizinhos” que as pessoas deseducadas conhecem tão bem. Ergui a cabeça e segui adiante.  
            O que fazer, meu Deus, para não ter estresse no trânsito? Sendo motorista ou "carona", a irritação é a mesma. Para aliviar a irritação, vivo ouvindo música, a saída mais saudável que encontrei para eu não ter um “treco” no trânsito. Nem congestionamento me irrita mais do que falta de respeito e de educação. E olhe que não aguento ficar cinco minutos em um engarrafamento. Sempre invento uma maneira de voltar, de fugir por um atalho. Não suporto. Tenho até comichão. Exatamente por isso, eu não suportaria morar em uma cidade chamada “grande”. Já imaginou um engarrafamento de cinco horas na Avenida Brasil ou na marginal Tietê? Nem pensar! Rio e São Paulo? Adoro! Mas em fins de semana. Gosto, sobretudo, da cultura que se respira nesses lugares, o que, decididamente, não há por aqui. Mas isso é outro assunto.
            Outra solução para eu ficar livre das chateações no trânsito seria seguir os conselhos de nossa Rita Lee: “mandar tudo pra aquele lugar e fugir (com você) pra Shangrilá” ou “viver pelado, pintado de verde, num eterno domingo”. Não vejo saídas melhores. Alguém vê?
  
*http://www.ritalee.com.br/?p=1360

5 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. "Nem que eu me jogue na faixa!", "Tenho até comichão.", " Por que não tira o “brinco de pressão” da orelha para atravessar? Que inferno virou esse "troço" de celular!"
    Fábio e seu humor e drama tão peculiar. HAHAHAHAHAHHAHAHHA, engraçadíssimo esse texto.

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  3. Obrigado, Gabriela.
    Pois é, só rindo mesmo dessas situações. Sempre digo que o humor vai salvar o mundo.
    Beijão,

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  4. rs...
    Eu bem conheço esses ganços e ganças de nosso trânsito, meu amigo. Mas, sabe que pelo seu texto fica tudo cômico, quando é trágico. - rs
    Meu amigo, é sempre um grande prazer lê-lo. Como é bom o senhor, viu?

    Abração,

    Rodrigo Davel

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  5. Muito obrigado, Rodrigo. Pois é, meu amigo, só com humor mesmo, viu? O humor vai salvar o mundo. Acredite. Abração,

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