quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

UM OLIMPO MAIS PRÓXIMO...



CÂNTICO NEGRO
José Régio

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces,
estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: ‘vem por aqui’!
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus olhos, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha Mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: ‘vem por aqui’?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis machados, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém,
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe,
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: ‘vem por aqui’!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,

- Sei que não vou por aí!”


NÃO ENCHE
Caetano Veloso 

Me larga, não enche
Você não entende nada e eu não vou 
te fazer entender
Me encara de frente: 
É que você nunca quis ver, 
não vai querer, não quer ver
meu lado, meu jeito,
o que eu herdei de minha gente e 
nunca posso perder
Me larga, não enche, 
Me deixa viver, me deixa viver, 
me deixa viver, me deixa viver 

Cuidado, oxente!
Está no meu querer poder fazer você desabar
do salto. Nem tente
manter as coisas como estão porque não dá, 
não vai dar.
Quadrada, demente,
a melodia do meu samba põe você no lugar
Me larga, não enche
Me deixa cantar, me deixa cantar, 
me deixa cantar, me deixa cantar.

Eu vou 
Clarificar
A minha voz
Gritando: nada mais de nós!
Mando meu bando anunciar: 
Vou me livrar de você. 

Harpia, aranha
Sabedoria de rapina e de enredar, de enredar
Perua, piranha, 
minha energia é que mantém você suspensa no ar
Pra rua!, se manda, 
sai do meu sangue, sanguessuga, 
que só sabe sugar
Pirata, malandra, 
Me deixa gozar, me deixa gozar, 
me deixa gozar, me deixa gozar.

Vagaba, vampira,
O velho esquema desmorona desta vez pra valer
Tarada, mesquinha, 
Pensa que é a dona e eu lhe pergunto: 
quem lhe deu tanto axé? 
À toa, vadia, 
Começa uma outra história aqui na luz deste dia D: 
Na boa, na minha, 
Eu vou viver dez,
Eu vou viver cem,
Eu vou viver mil,
Eu vou viver sem você. 




UM OLIMPO MAIS PRÓXIMO...
Por Fábio Brito 

Porque gosto muito de música, ando sempre tendo uns colóquios "comigo mesmo" ou com algumas pessoas também “iniciadas”. Infelizmente, não dá para discutir sobre esse assunto (e sobre literatura, e sobre teatro, e sobre cinema, e sobre artes plásticas...) com muita gente. Que pena! 
Bom, dias atrás, pensei no fato de que estou achando cansativas, burocráticas e sem vigor algumas das últimas gravações da Bethânia. Há um tempo, eu jamais imaginaria que fosse dizer isso um dia, mas é verdade. Pensei nisso depois de ler “Análise: Maria Bethânia mostra que não é perfeita”, artigo do jornalista Julio Maria publicado n’O Estado de S.Paulo recentemente (em 2 de dezembro de 2016). Ou melhor, eu já vinha pensando nisso faz um tempinho. O artigo de Maria me impulsionou a escrever sobre esse assunto.
Vamos aos fatos! Quando, num dos volumes, o 8º, do “songbook” de Chico Buarque (Lumiar Discos – 97-99), Bethânia regravou “Sobre todas as coisas” (Buarque / Lobo), fiquei um tanto decepcionado. Considerei a gravação linear. Confesso que eu esperava bem mais, uma vez que a diva baiana sempre tratou muito bem a obra de Buarque. Zizi Possi, que, um tempo antes (1991), havia gravado “Sobre todas as coisas” num de seus melhores CDs, se não o melhor, simplesmente arrebentou. Fez uma gravação linda, arrepiante, comovente. Bethânia ficou para trás. Não chegou ao nível de excelência a que Zizi chegou. Por que não viram isso? Será que rolou certo receio? Vai saber... Será que houve uma espécie de “não toquem em minha gravação"? Não sei.
Sinto que as fragilidades técnicas da “cantora”, fazendo referência ao que disse Julio Maria, estão vindo à tona com mais clareza agora, na maturidade. Talvez da década de 90 para cá. Nas décadas de 60, 70 e 80 (mais na de 70), havia mais dramaticidade em seu canto (nos discos ao vivo, claro!, porque, em estúdio, ela sempre foi mais “contida”, tanto que alguns diziam – e ainda dizem – que ela é uma cantora para ser vista, e não para ser ouvida). Sobre essa dramaticidade, também havia os que não a enalteciam. Lembro que certos críticos não perdoavam: para eles, o que preponderava era excesso de teatralidade nas apresentações de Bethânia. Realmente, não sei se havia excesso ou não. O que sei é que as apresentações – sempre dramáticas – despertavam e ainda despertam meu interesse, principalmente quando ela vai à palavra (as extraordinárias letras das canções cuidadosamente escolhidas ou os poemas [ou fragmentos em prosa] que ela lê em cena) e extrai dela o que há de mais poético e mais visceral. Talvez a palavra seja, sim, o elemento responsável pela redenção de Bethânia. Talvez a palavra seja, sim, o elemento responsável pela grandeza e pela permanência de Bethânia, que, há 50 anos, ilumina os palcos deste país e do mundo. Não é pouco! 
Gosto muito (gosto mesmo!) de Bethânia “dizendo” (e ela “diz” muito bem!) textos literários em cena (fora de cena, tenho ouvido leituras, a meu ver, lineares e burocráticas). Sou da literatura, e encontrar alguém valorizando a palavra literária me encanta deveras. Também gosto de Bethânia cantando, mas cantando de maneira bem dramática, carregando nas tintas. Não dá para Bethânia fazer a linha "banquinho e violão" ou a linha "cochichando  com você". Não dá. Cochicho, banquinho e violão são para Nara ou Doris Monteiro.  O CD em homenagem a Vinicius, "Que falta você me faz", por exemplo, mostrou uma Bethânia nada dramática, querendo cochichar conosco. Não rolou. Ficou, a meu ver, desestimulante e arrastado. A imagem que tenho dela – e que é linda – é criação do próprio Vinicius: algo como uma árvore queimando para o alto. Linda essa imagem! E justamente num disco em homenagem ao Poetinha, não senti essa chama. Não vi - ou senti - a árvore crepitando. 
Bom, com o avançar dos anos, a vida vai tirando a sofreguidão, como disse Fernanda Montenegro: passamos a fazer tudo com mais vagar, sem pressa e sem afobação. Nas apresentações de Bethânia, vejo isso. A estrela está mais serena (não quero dizer com menos brilho). Não há mais essa tal sofreguidão, que nunca foi demérito, mas, sim, algo inerente à juventude. Pois é, a maturidade de Bethânia chegou e, claro!, junto com ela, chegam calma, apascentamento, tranquilidade. No entanto, porque a dramaticidade está mais contida, é chegado o momento de ela ir atrás de outros atributos. E esses atributos são detalhes, sutilezas que devem (ou deveriam) vir junto com a cantora, mas a cantora tem deficiências, como afirma Julio Maria. E aí? Aí, algumas gravações ficam, como eu disse no início deste texto, burocráticas. Talvez seja este o momento de ela precisar mais da cantora do que da intérprete (ela sempre frisou que é uma “intérprete”, não uma cantora). Julio Maria tem outro conceito de intérprete (e de cantora). Para ele, intérprete não é o que se joga somente na poesia/na palavra: “Cantores, intuitivos ou não, são seres dotados de capacidades de interpretação com todas as habilidades de um músico. Eles se entregam com um ouvido nos versos que cantam e outro na tonalidade, nas modulações, nas deixas de improviso, nas mudanças de ritmo e de andamento”. É... pensemos no que diz o jornalista. Elis, de quem Julio Maria escreveu a melhor biografia que já li (“Elis Regina: nada será como antes”, Master Books, 2015) era/é essa cantora e essa intérprete de que nos fala Julio Maria. A Pimentinha tinha todas as habilidades de um músico. Entregava-se, mas sem esquecer os versos (a poesia), o ritmo, a musicalidade, as modulações, a capacidade de improvisação. Imbatível! Bethânia, ao contrário, comete deslizes quando o assunto é técnica (no início da carreira, quando a acusavam de desafinar, ela rebatia com veemência e dizia que desafinava também na vida). 
Pois é! Este relato sobre Bethânia – uma das grandes estrelas da canção popular deste país que tem tantas estrelas - é sincero. Ela continua sendo uma de minhas cantoras preferidas. Cresci ouvindo-a. Ela tem uma personalidade marcante, por mais lugar comum que seja dizer isso. Ela é, sim, carismática e magnética no palco, não há dúvida. Não é um blefe, como muitas “noviças do vício”* que estão por aí (várias estão na estrada há muitos anos). 
Lembro-me do primeiro contato que tive com a obra da Bethânia (não foi ouvindo “Olhos nos olhos” em rádios AM). Foi ouvindo “Cálice” (Chico Buarque), que está em “Álibi”. Certo dia, uma de minhas tias apareceu em minha casa trazendo esse disco da Bethânia, apontado por muitas pessoas como o mais bem sucedido em sua carreira. Em minha vitrolinha verde, pus a bolacha para rodar (fui direto à faixa “Cálice”, exatamente porque minha tia chamou nossa atenção para a beleza e as metáforas da letra, bem como para a força interpretativa de Bethânia). Daí em diante, não parei mais de ouvir D. Maria. O primeiro de seus discos que comprei foi “Mel”, lançado em 79, um ano depois do aclamado “Álibi”. Nossa! Ouvi bastante esse disco. Depois, fui comprando os outros. Bethânia, para mim, continua sendo muito importante. Fernando Pessoa, que ela diz ser o poeta de sua vida, chegou a mim por seu intermédio. No entanto, nada me impede de ter, hoje, um olhar mais crítico sobre a trajetória de nossa estrela. E um olhar mais crítico não significa um olhar menos amoroso. É, sem dúvida, um olhar de um fã mais humano acerca de uma cantora também mais humana. Bethânia continua sendo uma estrela, mas uma estrela mais próxima, que desceu do OLIMPO. 

*Expressão, segundo Rita Lee, criada por Elis Regina e título de uma composição da própria Rita em parceria com Roberto de Carvalho. As tais “noviças” eram, segundo a Pimentinha, as cantoras que venciam muito mais pelos atributos físicos do que por suas qualidades vocais. Quem se mete a discordar da Elis? Concordo plenamente!



Rosa-dos-ventos 
Chico Buarque

E do amor gritou-se o escândalo
Do medo criou-se o trágico
No rosto pintou-se o pálido
E não rolou uma lágrima
Nem uma lástima
Pra socorrer
E na gente deu o hábito
De caminhar pelas trevas
De murmurar entre as pregas
De tirar leite das pedras
De ver o tempo correr
Mas, sob o sono dos séculos
Amanheceu o espetáculo
Como uma chuva de pétalas
Como se o céu vendo as penas
Morresse de pena
E chovesse o perdão
E a prudência dos sábios
Nem ousou conter nos lábios
O sorriso e a paixão
Pois transbordando de flores
A calma dos lagos zangou-se
A rosa-dos-ventos danou-se
O leito dos rios fartou-se
E inundou de água doce
A amargura do mar
Numa enchente amazônica
Numa explosão atlântica
E a multidão vendo em pânico
E a multidão vendo atônita
Ainda que tarde
O seu despertar 


A moça do sonho 
Edu Lobo - Chico Buarque 

Súbito me encantou
A moça em contraluz
Arrisquei perguntar: quem és?
Mas fraquejou a voz
Sem jeito eu lhe pegava as mãos
Como quem desatasse um nó
Soprei seu rosto sem pensar 
E o rosto se desfez em pó

Por encanto voltou
Cantando a meia voz
Súbito perguntei: quem és?
Mas oscilou a luz
Fugia devagar de mim 
E quando a segurei, gemeu
O seu vestido se partiu
E o rosto já não era o seu

Há de haver algum lugar
Um confuso casarão
Onde os sonhos serão reais
E a vida não 
Por ali reinaria meu bem
Com seus risos, seus ais, sua tez
E uma cama onde à noite 
Sonhasse comigo 
Talvez

Um lugar deve existir
Uma espécie de bazar
Onde os sonhos extraviados
Vão parar
Entre escadas que fogem dos pés
E relógios que rodam pra trás
Se eu pudesse encontrar meu amor
Não voltava
Jamais


Anos Dourados 
Tom Jobim - Chico Buarque

Parece que dizes
Te amo, Maria
Na fotografia
Estamos felizes
Te ligo afobada
E deixo confissões
No gravador
Vai ser engraçado
Se tens um novo amor
Me vejo a teu lado
Te amo?
Não lembro
Parece dezembro
De um ano dourado
Parece bolero
Te quero, te quero
Dizer que não quero
Teus beijos nunca mais
Teus beijos nunca mais

Não sei se eu ainda
Te esqueço de fato
No nosso retrato
Pareço tão linda
Te ligo ofegante
E digo confusões no gravador
E desconcertante
Rever o grande amor
Meus olhos molhados
Insanos, dezembros
Mas quando me lembro
São anos dourados
Ainda te quero
Bolero, nossos versos são banais
Mas como eu espero
Teus beijos nunca mais
Teus beijos nunca mais


Baioque 
Chico Buarque
  
Quando eu canto
Que se cuide
Quem não for meu irmão
O meu canto
Punhalada
Não conhece o perdão
Quando eu rio
Quando eu rio
Rio seco
Como é seco o sertão
Meu sorriso
É uma fenda
Escavada no chão
Quando eu choro
Quando choro
É uma enchente
Surpreendendo o verão
É o inverno
De repente
Inundando o sertão
Quando eu amo
Quando amo
Eu devoro
Todo o meu coração
Eu odeio
Eu adoro
Numa mesma oração
Quando eu canto
Mamie, não quero seguir
Definhando sol a sol
Me leva daqui
Eu quero partir
Requebrando um rock and roll
Nem quero saber
Como se dança o baião
Eu quero ligar
Eu quero um lugar
Ao som de Ipanema, cinema e televisão


Tira as mãos de mim 
Chico Buarque - Ruy Guerra

Ele era mil
Tu és nenhum
Na guerra és vil
Na cama és mocho
Tira as mãos de mim
Põe as mãos em mim
E vê se o fogo dele
Guardado em mim
Te incendeia um pouco

Éramos nós
Estreitos nós
Enquanto tu
És laço frouxo
Tira as mãos de mim
Põe as mãos em mim
E vê se a febre dele
Guardada em mim
Te contagia um pouco 


Vida 
Chico Buarque

 Vida, minha vida
Olha o que é que eu fiz
Deixei a fatia
Mais doce da vida
Na mesa dos homens
De vida vazia
Mas, vida, ali
Quem sabe, eu fui feliz

Vida, minha vida
Olha o que é que eu fiz
Verti minha vida
Nos cantos, na pia
Na casa dos homens
De vida vadia
Mas, vida, ali
Quem sabe, eu fui feliz

Luz, quero luz,
Sei que além das cortinas
São palcos azuis
E infinitas cortinas
Com palcos atrás
Arranca, vida
Estufa, veia
E pulsa, pulsa, pulsa
Pulsa, pulsa mais
Mais, quero mais
Nem que todos os barcos
Recolham ao cais
Que os faróis da costeira
Me lancem sinais
Arranca, vida
Estufa, vela
Me leva, leva longe
Longe, leva mais

Vida, minha vida
Olha o que é que eu fiz
Toquei na ferida
Nos nervos, nos fios
Nos olhos dos homens
De olhos sombrios
Mas, vida, ali
Eu sei que fui feliz




5 comentários:

  1. Desculpe, querido, mas torrarei sua paciência ilimitada rs, com dois modestos "pitacos".
    Tudo e mais alguma coisa que você (não somente nas entrelinhas...até mesmo nas "estrelinhas" rs) disse com o habitual brilhantismo sobre ela, concordo ampla, geral e irrestritamente. Destaco: "Talvez a palavra seja, sim, o elemento responsável pela grandeza e pela permanência de Bethânia, que, há 50 anos, ilumina os palcos deste país e do mundo. Não é pouco!
    Gosto muito (gosto mesmo!) de Bethânia “dizendo” (e ela “diz” muito bem!) textos literários em cena (fora de cena, tenho ouvido leituras, a meu ver, lineares e burocráticas). Sou da literatura, e encontrar alguém valorizando a palavra literária me encanta deveras. Também gosto de Bethânia cantando, mas cantando de maneira bem dramática".

    Só considerei um cadinho cruel rs falar de interpretação e referir-se á maior de todas: Elis. Não há condições de colocá-las na mesma galáxia.

    Confesso que dona Betha, justamente por ter sido reconhecida, fortemente, como uma cantora do amor romântico (nunca foi a minha praia, sempre estranhei ou duvidei das exacerbações nas "paixonites' agudas rs), ao ponto do próprio Caê compor: "quero que pinte um amor Bethânia...", colocando-a como adjetivo ou sinônimo do amor rs, ou como a intensidade do amor nas suas interpretações intensas (as melhores, claro!).

    Nem sei o que dizer, então, da música romântica popular de baixa qualidade, com exageros dramáticos ou ingenuidade,
    com arranjo musical sem grandes elaborações, vinda das camadas populares e considerada cafona e deselegante, melhor digitando: brega. Desde sempre, este gênero, jamais nutriu ou satisfez minhas necessidades artísticas. Na verdade, desprezo e, quase sempre, sinto um certo constrangimento ou incômodo quando sou forçado a ouvir "bagaceireices" ou 'jecuras" rs. São as tais Músicas Popullstas Brasileiras, rasas, que só 'mascam clichê"(penso que é do Gil esta sacada de mestre) , enfim, mais do mesmo e sem criatividade relevante alguma. Se tenho pouco tempo disponível pra ouvir as pérolas da MPB...imagine se perderia meu tempo ouvindo baranguices rs

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    1. Músicas Populistas Brasileiras, considere.

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    2. Querido Marcos, muito obrigado, mais uma vez, por seu comentário, que é sempre preciso, certeiro. Você sabe que sou seu fã. Ah, quando citei a Elis, foi só para ratificar que a "Pimentinha" era, de fato, completa: era/é uma INTÉRPRETE rara e uma cantora tecnicamente perfeita. Beijos, beijos.

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  2. Continuando o calvário rs...(tenho dó 'docê"...ter de ler tanta 'tonteria" rs)

    E a breguice maior e imperdoável da abelha rainha (há quem jure haver outras até piores, credo!), foi gravar a insuportável "È o amor" da dupla "Zezé de Mariano e Camargo" (deboche, mesmo) absolutamente dispensável ou menor.

    Mas como não há nada que não possa piorar, ela teve a desfaçatez de tentar justificar. Era melhor ter ficado calada, na minha modesta conceituação. Lógico que admito haver pessoas (infelizmene uma manada) que idolatram este arremedo de música. Sim, cada um tem ou ouve a música que merece ou de acordo com suas capacitações. Esta, com certeza, eu não mereço, ainda bem rs.

    Vamos, então, à explicação estapafúrdia ou "bethânica" rs:

    Folha - A música "È o amor"era tema de propaganda do condimento Sazon.
    Bethânia - Não tenho nada a ver com a propaganda do Sazon. Essa música, para mim, é bonita. O mínimo que me resta na vida é um pouco de liberdade (ri). Todo mundo noticiou que Mariozinho Rocha, da Globo, me pediu para gravar para a novela das oito. Não tem nada a ver, fui eu quem quis.
    Era um momento em que ia fazer um disco olhando para o interior, para a região onde nasci, o Nordeste. "É o Amor" é uma canção que sinto que toca toda essa gente do interior. Faz parte do meu pensamento, não está fora de nada.
    Folha - Até entre sua legião de fãs houve reações do tipo "ela não precisava ter feito isso".
    Bethânia - Ficaram chocados. Mas não é questão de precisar, é querer. O entendimento está errado. Às pessoas que se vêem refletidas na minha arte, é bobagem pensar que tenham algum controle ou conhecimento completo de mim.
    O Brasil é misturado, eu sou brasileira. Do mesmo modo que adoro Chico Buarque, minha sensibilidade também é tocada por uma canção que não é um primor de qualidade musical. Não fico surpreendida nem triste que algumas pessoas da minha legião se decepcionem, mas isso é uma bobagem.
    Folha - Você gravaria "Pense em Mim"?
    Bethânia - Não, essa já não acho bonita. Fiquei comovida quando aquele menino morreu, mas não acho uma música para eu cantar. Não me comove. "É o Amor", sim. Até mudei um pouquinho da melodia, eles fazem naquele estilo deles de cantar, duas ou três notas, que não acho bonito, tirei.
    Prefiro parar "porraqui'...para não ser deselegante ou injusto, embora reconheça o valor artístico desta cantora singular ou , desta Orixá em vida, como disse Tânia Alves.
    Saúde e sorte + beijos

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    1. Querido Marcos, "tonteira nada". Adoro seus comentários e sua sinceridade arrebatadora. Pois é, concordo com você: Bethânia não precisava ter gravado música brega. Para quê? O achatamento do gosto musical do brasileiro é algo assustador. A colaboração de rádios e programas de TV na divulgação do que é ruim não é menos que colossal. Por que, então, uma intérprete como a Bethânia engrossar essa lista? Por que ela gosta, como disse em entrevista? Parece-me, no mínimo, incoerente gostar de Buarque e de "breguices". Ela pode usar as justificativas que quiser... Continuarei primando pela qualidade do que ouço. Cresci ouvindo Elis Regina e Buarque. "Está" de bom tamanho, não está? Veja, por exemplo, o repertório de uma intérprete como Alaíde Costa. Tudo ali é irrepreensível. Só gravou o que há de melhor. Veja o que nossa Ithamara grava. Beijos, beijos, meu amigo.

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