quinta-feira, 21 de abril de 2011

AS NOVAS COLEIRAS E SEUS CÃEZINHOS AMESTRADOS

           
        Fábio Brito

Observe, por favor, estes nomes: "ipad", “ipod”, celular (que é bem comum!), Mp3, 4, 5, 6... 200, “data show” e muitos outros. Que maravilha, não?! Pois é, maravilha que também pode ser um horror. Depende do uso que fazemos disso tudo. É óbvio que ninguém tem dúvidas quanto às vantagens proporcionadas por toda essa “parafernália” eletrônica. Porém, poucos pensam nos transtornos que isso pode acarretar. Quando esses “aparelhinhos” transformam-se em “coleiras”, aí a situação fica insustentável. Há pessoas que não sabem viver sem essa tralha toda. É dependência mesmo, total.
Comecemos, pois, pelos celulares. Ô ‘coisa’ útil, não é? Desnecessário elencar os inúmeros benefícios dessa ótima invenção: facilidade de comunicação, praticidade etc., etc., etc. Os problemas também são infindos. As pessoas, decididamente, não sabem usar (por pura falta de educação mesmo!) esse aparelhinho, que, como nesta situação, pode ser muito inconveniente: já ouvi celular tocar em um show... e o dono do aparelhinho, para surpresa de todos, não estava na plateia, mas entre os membros da equipe do artista! Inacreditável! Depois, para “lavar minha alma”, veio a bronca do próprio artista, que ainda complementou: “E a pessoa ainda atende!”
Pois é, o celular, assim como tantos outros “aparelhinhos”, virou uma espécie de “coleira”. As pessoas não podem, em momento algum, ficar sem ele. Será que precisamos ficar “coleirados” durante 24 horas? Em sala de aula, por exemplo, que é um espaço para a discussão “de saberes”, o celular não pode ficar desligado... ou, no mínimo, no “modo silencioso”? Uma aula dura pouco: em média, 50 minutos, o que é um tempo curtíssimo. Mais: muitos, mesmo dormindo, deixam a “coleira” ligada. É loucura, não é?
Na esteira do celular, eis que surge outra “coleirinha”, esta mais chique: o “data show”. Sem pensar, responda: a quantos eventos (palestras, aulas, seminários e afins) você assistiu, nos últimos anos, e não havia esse aparelho e as famosas apresentações em “PowerPoint”? Se sua resposta for “nenhum”, não se espante. Estamos na mesma embarcação. O “data show”, vale frisar, é um recurso excelente. No entanto, atenção! É um re-cur-so! E, como tal, não pode tomar o lugar do conhecimento acerca do assunto a ser discutido. Desconfio de que, em alguns encontros/eventos, o apresentador poderia ser substituído por qualquer pessoa. Se é só para ler os tópicos... E o conhecimento sobre o assunto? Pois é, o “data show”, então, transforma-se em “colete salva-vidas”. Essas pessoas agarram-se a ele com força descomunal. Sem esse mecanismo, adeus palestra, adeus aula, adeus conferência! É preciso impedir o afogamento do náufrago... e rapidamente.
Volto à minha eterna obsessão: ler, ler e ler. Nenhum aparelho, por mais avançado que seja, dará conta do conhecimento. Não basta dar uma “olhadela” em um texto e, por meio do antigo método “mamãezinha mandou”, pinçar algumas frases que serão simplesmente lidas, via “PowerPoint”, pelo “artista”. Detalhe cruel: quando há aquelas apresentações em que as letrinhas vão “caindo” uma a uma (ora pela esquerda, ora pela direita), tenho vontade de sair correndo. Seria bom se eu estivesse “sedado” nessa hora. É “embromation” mesmo! Ninguém aguenta! O “pouso” fatídico de todas as letrinhas parece durar uma encarnação. Pois é, não basta ser “expert” no manejo do aparelhinho. É preciso estudar (e bastante!) o assunto, a ponto de dominá-lo e domá-lo.
Não dá para ficar apático diante disso. Novas e avançadíssimas tecnologias surgem constantemente. Entretanto, não podemos, diante delas, agir de maneira tão passiva, à semelhança dos cães amestrados que abanam o rabo e oferecem a pata. Se as tecnologias nos dominarem completamente, estaremos derrotados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário