quinta-feira, 21 de abril de 2011

BOBAGENS, BOBAGENS, BOBAGENS

Fábio Brito

Há poucos dias, perguntaram-me por que ainda não escrevi sobre o BBB. Nossa! Já escreveram tanto sobre esse programa, pensei. Será que ainda há algo a ser dito ou escrito? Será que alguém tem vontade de escrever sobre isso a “essa altura do campeonato”? Pensando bem, se há uma “coisa” que não cessa é discussão sobre BBB e seus participantes. Mesmo cansado de tanta “falação”, topei a empreitada. Antes, porém, pensei no seguinte: o que é, para mim, o BBB? É algo deprimente, respondi para mim mesmo. Não só isso. A despeito do cansaço e do constrangimento que me causa esse assunto, ainda vou tentar encontrar algum gás para tocar em alguns pontos.
Vamos lá! Volta e meia, leio textos esbravejando contra o programa e escuto alguém discutindo a respeito da inutilidade de ‘se’ observarem pessoas confinadas em uma casa e fazendo simplesmente nada. Opa! Fazem sim! Elas são adestradas a competir usando como arma o que há de pior no ser humano. Não menos degradante é saber que muitas pessoas não desgrudam os olhos da TV quando esse programa é exibido. Acompanham tudo e “palpitam” sobre tudo. Para quê? Não sei. Estou procurando saber até hoje, desde que foi ao ar a primeira edição.
Devo confessar – para espanto de alguns amigos - que assisti ao programa durante três dias. Fiquei, sim, curioso. Sem conhecer, seria inaceitável sair por aí dando opiniões. Também não minto quando digo que não assisti – um dia sequer – a qualquer uma das edições anteriores. Além de não ter estômago (constantemente, e por bobagens, sou acometido de mal-estares), há muitos livros que ainda não li, há muitos filmes e peças de teatro a que ainda não assisti, há muitas músicas que ainda não ouvi, há muitas caminhadas que ainda não fiz, há muitos amigos que ainda não visitei, há muitas aulas que ainda não preparei, há muitas gavetas que ainda não arrumei, há muitos restaurantes a que ainda não fui. Portanto, não disponho de tempo para ficar sentado em frente a um televisor assistindo ao BBB. Aliás, meu tempo é muitíssimo precioso para ser jogado no lixo dessa forma. E a vida é muito curta, não é mesmo? Desperdiçá-la com idiotices seria um horror.   
Sei ainda que é “chover no molhado” – para usar uma expressão ‘pra’ lá de lugar-comum – ficar tecendo comentários, mesmo que mínimos, sobre a intenção da TV ao exibir programas como o BBB e tantos outros que infestam manhãs, tardes e noites de muita gente por este Brasil afora. Ninguém é tão ingênuo a ponto de não pensar na audiência e no faturamento que vem a reboque, não é mesmo? Entretanto, o que mais me interessa é saber por que esse tipo de programa dá tanto “ibope”? Por que as pessoas – e não são poucas! – gostam tanto de ver outras ‘pra’ lá e ‘pra’ cá falando bobagens (somente bobagens), querendo sexo por sexo, aprimorando a falsidade e fomentando intrigas? Por que, em vez de ficarem assistindo a esse tipo de programa, não apanham um livro? Por que não veem um filme? Por que não procuram outra programação na TV? Por que não vão dormir? Será que o grotesco atrai tanto assim?
Assistindo ao programa, fiquei pensando também nos participantes e em suas profissões. Taí um ponto pouco discutido. Vários ali trabalham (fora da casa, é lógico!) e podem ser até profissionais reconhecidos e respeitados. No entanto, alguém, por acaso, confia em um profissional que participou de um BBB? Eu não! Se é preconceito, assumo.  
Ao fim de tudo, uma perguntinha insiste: será que o BBB tem – ou terá um dia - alguma finalidade além de alimentar o “voyeurismo” de muitos? Embora algumas pessoas defendam a ideia de que esse programa é uma causa antropológica (teses e mais teses já surgiram e ainda surgirão), continuo apostando no seguinte: ali, é a escória mesmo. Aquilo é patético. É algo que me deprime e mais nada. Quer saber mais? Estou cansado de celebridades vazias. Que saudades, por exemplo, do tempo em que, nas novelas, havia mais atores e menos modelos. Devo estar fora deste mundo.

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