quinta-feira, 5 de maio de 2011

CÁLIDA, CATIVANTE



Do MPB 80, chegou a mim uma intérprete talentosíssima: Diana Pequeno. A canção era Di verdade, de Chico Maranhão, uma das finalistas: “Eu sei que você fica / Preso no ar / Quando eu canto / A minha moda (...)”. Meus ouvidos, sempre atentos, seguiram a moça. Era preciso não a perder de vista (ou de “audição”). No entanto, o sucesso com o grande público só chegou mesmo em 1984, com a gravação de Serei teu bem, versão de Ronaldo Bastos para “You’ve got a friend”, de Carole King: “Quando o céu tão negro / Me invade de pavor (...)”. A canção tocou bastante nas rádios. Apesar dos arranjos pasteurizados de Lincoln Olivetti, muito “na moda” (e solicitadíssimo) nessa época, o disco traz primores, como Um girassol da cor de seu cabelo, de Lô e Márcio Borges. Sempre gostei muito dessa canção. Quando, então, pude ouvi-la com Diana Pequeno, senti que estava diante de uma cantora em plena maturidade: “Quando eu morrer / Não chore não / É só a lua (...)”. A voz, cálida e firme, era, e continua sendo, cativante. Em 1978, antes, portanto, do festival em que ela despontou, a gravação de um disco batizado somente de Diana Pequeno tornou-se um marco devido à qualidade do repertório e da voz da intérprete. Se mais não fosse, valeria pelo registro de Cuitelinho, adaptação de Paulo Vanzolini e A. Xando para um tema recolhido do folclore brasileiro: “Como aço de navaia (...)”. Em 2005, nossa grande intérprete arrasou mais uma vez com Cantigas, um CD só com “jóias de vários matizes”, como disse Ricardo Cravo Albin no texto do encarte. Entre as obras, o eterno clássico Quem sabe, modinha de Antônio Carlos Gomes, de 1859, que recebeu os versos de Bittencourt Sampaio: “Tão longe de mim distante / Onde irá, onde irá / Teu pensamento (...) Quisera saber agora (...)”. Não há quem não conheça essa canção. Ficou magistral a gravação. Não menos bonito também é o registro de Ney Matogrosso em “Pescador de pérolas”, de 1987, em cujos créditos consta somente o nome do maestro Carlos Gomes. Do mesmo Cantigas, as joias não cessam de brotar. Ontem ao luar (Pedro de Alcântara / Catulo da Paixão Cearense), por exemplo, também é tão comovente quando a gravação de Fafá de Belém. Cantigas (Alberto Nepomuceno / D. Branca da G. Colaço), também gravada por Fagner em 1986, é outro primor: “D’alguns é branca a ventura / A d’outros é cor dos céus / A minha ventura é negra / Tem a cor dos olhos teus (...)”. É um luxo conhecer e ouvir Diana Pequeno

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