Foi por meio da revista Caros amigos, em nota de Leo Gílson Ribeiro, se minha memória ainda estiver ajudando, que ‘conheci’ Rita Ribeiro. Assim como Zeca Baleiro e Alcione, essa moça também é do Maranhão. O texto da revista tecia comentários sobre seu primeiro disco, de 1997, que, entre outras pérolas, trazia Lenha, do conterrâneo Baleiro: “Eu não sei dizer / O que quer dizer / O que vou dizer / Eu amo você / Mas não sei o que / Isso quer dizer (...)”. Mas só voltei a ouvir Rita Ribeiro um tempo depois, em casa de um amigo. O disco era o Pérolas aos povos, de 1999. ‘De cara’, já fiquei impressionado com a faixa Há mulheres, de Vânia Borges: “Há mulheres que se pintam de caulim / Na Costa do Marfim / Para um deus louvar / Eu também me pinto para o luar, em mim / A prata derramar (...)”. Considerei lindas a letra e a gravação. Em Comigo, Rita foi ao baú e trouxe de volta Moça bonita, de Evaldo Gouveia e Jair Amorim, do repertório de Angela Maria: “(...) No canto da rua / Zombando, zombando, zombando está / Ela é moça bonita / Girando, girando, girando lá (...)”. Além de uma linda voz, Rita é a versatilidade em pessoa: grava ‘de tudo’, como dizem, e sempre com competência e dignidade. É transgressora. Quando regrava, não faz ‘cover’. É a mesma música e é outra música. Só os grandes intérpretes conseguem isso. Sempre digo que seu timbre é ‘solar’. Há vozes que são ‘noturnas’, que têm tudo a ver com boates enfumaçadas e copos de uísque. E são lindas exatamente por isso. A de Rita não. É para ser ouvida com muita luz. Rita é luminosa. Rita é iluminada. Prova cabal de sua versatilidade é o CD Tecnomacumba, de 2006. Cavaleiro de Aruanda, de Tony Osanah, por exemplo, é ‘outra’ canção em sua voz: “Quem é o cavaleiro / Que vem de Aruanda / É Oxossi em seu cavalo / Com seu chapéu de banda (...)”. A deusa dos orixás, de Romildo e Toninho, sucesso da eterna Clara Nunes, também ficou linda com Rita: “Iansã, cadê Ogum? / Foi pro mar / Mas Iansã, cadê Ogum? / Foi pro mar / Iansã penteia os seus cabelos macios / Quando a luz da lua cheia / Clareia as águas dos rios (...)”. Junto com Teresa Cristina e Jussara Silveira, ela gravou o sofisticadíssimo Três meninas do Brasil, ao vivo no Teatro Municipal de Niterói. Maiúsculo, do cachoeirense Sérgio Sampaio, ficou estonteante: “Como é maiúsculo / O artista e a sua canção / Relação entre Deus e o músculo / Que faz poderosa a sua criação (...)”. Rita arrasou. Como são maiúsculos o canto e a arte de Rita Ribeiro!
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