sábado, 14 de maio de 2011

A PREFERIDA DO 'POETINHA'



Maria Creuza é baiana. Que terra abençoada essa Bahia! Seu nome, quase sempre associado ao de Vinicius de Moraes, é um dos mais importantes da MPB. Dizem que ela era a cantora ‘favorita’ do ‘Poetinha’. Do time de Nara Leão, Dóris Monteiro, Rosa Passos e tantas outras de timbre suave e preciso, ela é amada (e muito!) no Japão. Seu canto, ora derramado, ora contido, emociona. Uma de suas gravações mais marcantes é Dom de iludir, de Caetano, lançada por ela em 1976 (Gal a regravou em 1982), que ‘dialoga’ com Pra que mentir?, de Noel e Vadico: “Não me venha falar / Na malícia de toda mulher / Cada um sabe a dor e a delícia / De ser o que é (...)”. É para ser ouvida de madrugada mesmo. A voz de Maria Creuza é ‘noturna’. É um sussurro que deve ser acompanhado com um vinho de altíssima qualidade. Ou um uísque. Quem pode esquecer Onde anda você, de Vinicius e Hermano Silva, na voz de Maria Creuza? Ninguém! Essa canção é ‘dela’ e pronto. Que bolero delicioso! A voz está sensualíssima. Irresistível. Depois de ouvi-la, impossível não perguntar por onde andam muitas pessoas que, outrora, foram tão importantes para nós. Da safra de Vinicius, de quem ela gravou muitas canções, impossível não lembrar Canção do amanhecer, parceria com Edu Lobo: “Ouve / Fecha os olhos, meu amor / É noite ainda / Que silêncio (...)”. Quando ouvi Dia branco, de Geraldo Azevedo e Renato Rocha, em um medley com Dona da minha cabeça e Moça bonita, fiquei encantado: “Se você vier / Pro que der e vier / Comigo / Eu lhe prometo o sol / Se hoje o sol sair / Ou a chuva / Se a chuva cair / Se você vier (...) Nesse dia branco / Se branco ele for (...)”. Embora seja uma canção bem conhecida, Maria Creuza imprimiu-lhe um quê a mais. O verso “Se branco ele for”, por exemplo, mostra a voz extremamente melodiosa. Que delícia ouvir essa canção. Você abusou, da dupla Antonio Carlos e Jocafi, é excelente. E Maria Creuza deu a essa canção o tom exato. Difícil ouvi-la e, logo em seguida, não cantarolar quase todos os versos: “Que me perdoe / Se eu insisto nesse tema / Mas não sei fazer poema ou canção / Que fale de outra coisa que não seja o amor / Se o quadradismo dos meus versos / Vai de encontro aos intelectos/ Que não usam o coração como expressão / Você abusou / Tirou partido de mim / Abusou (...)”. Há muito tempo, Maria Creuza parece não falar de outra coisa que não seja o amor. Transgride ao falar de amor e manter a qualidade. Faz tempo que gosto muito de Maria Creuza.  

Um comentário:

  1. Fábio Desculpe o lapso mas a Maria Bethania vem a Lisboa a 8 de Junho próximo. Ainda tem tempo de marcar viagem, conhecer Lisboa e o Palácio da Bolsa do Porto.
    Abraços

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