quarta-feira, 4 de maio de 2011

NOBREZA


Ouvi Jussara Silveira pela primeira vez em um disco chamado Elas cantam Caetano, lançado em 1994 e que reunia novas intérpretes que “caetanearam” lindamente. Entre elas Belô Veloso, Sylvia Patrícia, Paula Santoro, Beth Bruno. Foi por meio desse disco que também conheci Ithamara Koorax. Jussara ficou com a canção Dama do Cassino, já gravada por Ney Matogrosso em 1988, mas pouco divulgada: “Eu prometi e cumpri / Mil carinhos e muito respeito / Amor perfeito nos momentos bons / E nos momentos maus / Mas essa dama danada nunca encontra nada / A seu jeito (...)”. Depois de A dama do cassino, quis saber de tudo o que essa moça veio gravando. E não perdi tempo. Em seu Entre o amor e mar, de 2006, há uma das canções mais bonitas já gravadas por ela, , de Guilherme Wisnik e Vadim Nikitin, que, por sinal, abre o disco: “(...) Vida é só / estender a flor / a vida só / o que eu já não / não posso ter / te dou (...)”. Não dá para ouvir só uma vez. Involuntariamente, ouvimos novamente a canção, tamanha é sua beleza. Já ouvi pessoas dizerem que o timbre lembra o de Gal lá do início da carreira. O canto de Jussara é mavioso. É bem-sonante, como se diria há um tempo. Jussara tem personalidade. Sabe o que faz. Sabe o que canta. E canta o que há de melhor. Com o violonista Luiz Brasil, gravou Nobreza, de 2005, título que é uma das mais belas canções de Djavan, que Jussara e Luiz Brasil recriam com competência ímpar: “Nossa velha amizade nasceu / De uma luz que acendeu / Aos olhos de abril / Com cuidado e espanto eu te olhei / E no entanto você sorriu / Concedendo-me a graça de ver / Talhado em você a nobreza de frente (...)”. Linda a gravação. E Jussara é essa “nobreza de frente”. Quem há de dizer, de mestre Lupicínio Rodrigues e Alcides Gonçalves, é mais um registro antológico dessa canção: “Quem há de dizer / Que quem você está vendo / Naquela mesa bebendo / É o meu querido amor / Repare bem que toda vez que ela fala / Ilumina mais a sala/ Do que a luz do refletor (...)”. Jussara é uma das grandes intérpretes da nova geração da Música Popular Brasileira. Não há quem discorde disso. Seu canto é firme, claro, melodioso e afinado.




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