quinta-feira, 5 de maio de 2011

DE 'VERDE' ATÉ HOJE: SEMPRE LEILA



Leila Pinheiro é uma paixão desde o Festival dos Festivais, de 1985, cujo primeiro lugar coube a Tetê Espíndola e sua Escrito nas estrelas. Leila, além de ter sido a revelação desse festival, classificou-se em terceiro, com Verde, de Eduardo Gudim e Costa Netto: “Eu que sempre apostei / Na minha paixão / Guardei um país / No meu coração / Um facho de luz / Seduz a razão / De repente a visão da esperança / Quis esse sonhador / Aprendiz de tanto suor (...)”. Lembro-me de ter ficado muito impressionado quando a ouvi. Que cantora extraordinária, pensei. Chegou com uma segurança invejável. Parecia ter anos e anos de estrada. Também não ficou longe da rabugice de alguns críticos, que diziam ser ela mais uma “na cola” de Elis. Mesmo que fosse, nada mal, não? Elis é uma escola e tanto. Depois do segundo disco, que trouxe Verde (o primeiro, independente, foi lançado em 1983), chegou a vez de eu ficar encantado com sua leitura para Tempo perdido, de Renato Russo. Ela mudou o andamento, mudou tudo. Ficou comovente a gravação. É de chorar. É minha preferida: “Todos os dias, quando acordo / Não tenho mais o tempo que passou / Mas tenho muito tempo / Temos todo o tempo do mundo (...)”. Gravou-a mais duas vezes: ao vivo e num tributo à obra de Russo. Emoção à flor da pele nas três gravações: da intérprete e de quem a ouve. Transgrediu: recém-chegada ao time das grandes estrelas, já “criava” canções com a “marca Leila Pinheiro”. Mais tarde, ela gravou um disco só com canções de Guinga e Aldir Blanc. Quanta beleza! Ninguém consegue ouvir Esconjuro, por exemplo, que está em Outras caras, e não ficar extasiado com o ritmo, com a afinação, com a letra, com a melodia: “A zonza da cigarra no oco do cajueiro / bota um bemol na clave do verão / Quem diz uma palavra com sentido / verdadeiro erê / que traga o som-paisagem pra canção (...)”. Leila é muito amada no Japão. Seus discos fazem muito sucesso na “Terra do Sol Nascente”. Serra do luar, do Walter Franco, ficou simplesmente linda com ela: “Amor, vim te buscar / Em pensamento / Cheguei agora, no vento / amor, não chora / de sofrimento / cheguei agora / no vento (...)”. Leila não sai de minha casa.  

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