quarta-feira, 4 de maio de 2011

FINO ACEPIPE



Flora Purim, junto com Airto Moreira, mora, há muitos anos, nos Estados Unidos. Optaram pela terra do Tio Sam. Flora é respeitadíssima por lá. Também já figurou na Down Beat. Flora é uma senhora cantora brasileira. Flora é uma senhora cantora internacional. Flora é cidadã do mundo. Sua voz firme e de afinação incomparável não deixa dúvidas: estamos diante de uma cantora espetacular. No início de sua carreira, ela admirava Sylvia Telles, Alaíde Costa e Maysa. No entanto, seu canto, já no início, não mostrava influência de nenhuma delas. Em seu Perpetual emotion, está um registro antológico de Fotografia, de Tom Jobim (sempre ele, nosso maestro soberano!): “Eu, você, nós dois / Aqui nesse terraço à beira-mar / O sol já vai caindo / E o seu olhar / Parece acompanhar a cor do mar (...)”. Luxo dos luxos, a letra é apresentada em dois idiomas: português e inglês. É uma pena que ouvir Flora Purim seja um luxo de pouca gente por aqui. Às vezes, parecemos os “ungidos do Senhor”. Em Speak no evil, ela regravou O sonho, de Gismonti, que esteve em um festival: “Sinto que é hora / Salto / Meu foguete segue queimando espaço / Tudo vejo e abraço (....)”. Ficou linda a gravação. Elis também a registrou. Mas minha preferida em sua voz é Anjo de mim, da dupla Ivan Lins / Vitor Martins: “O meu amor / Vida a pulsar / Dentro de mim / Meu quero mais / Meu querer bem / Meu querubim (...)”. Imprescindível essa Flora Purim. Sinônimo de bom gosto, de refinamento. A voz de Flora é um fino acepipe. Para acompanhá-la, basta um vinho finíssimo. 










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